Economia azul consome 4,6 biliões de dólares do Banco Mundial

Por Anselmo Sengo
O representante do Banco Mundial em Moçambique Mark Lundell
afirma que ao embarcar pelo desenvolvimento da economia azul, os
países precisam ver caminhos claros para faze-lo de forma a promover
em paralelo a adaptação e mitigação as mudanças climáticas. É por isso
que, de acordo com Mark Lundell, o Banco Mundial tem vindo a
investir mais recursos no quadro da economia azul, apontando a título
ilustrativo, “que a nossa carteira global de activa situa-se em torno de
4,6 biliões de dólares, incluindo outros adicionais cerca de 1,8 biliões de
dólares que estão ainda a ser preparados.
Falando num primeiro painel sobre a “governação sustentável dos
oceanos”, inserido na conferência crescendo azul realizada sobre o lema
“exploração sustentável e compartilha do oceano” realizada nos dias 23
e 24 de Maio corrente na capital moçambicana, disse que as
intervenções do Banco Mundial vão desde o apoio à implementação de
programas regionais de pesca em África e no Pacifico até ao combate de
todas as fontes de poluição marinha, protecção de habitats marinhos
críticos e apoio ao desenvolvimento costeiro em todo o mundo.
Mark Lundell informou durante a reunião que os oceanos suportam
economias e meios de vida de muitas maneiras em todo o mundo.
Globalmente, apontou, estima-se que uma em cada dez famílias tem na
pesca a base para o seu meio de vida, sendo que, quando incluídos os
sectores de processamento e comercialização dos produtos pesqueiros,
as mulheres constituem metade da força de trabalho.
A produção pesqueira marinha mundial é superior a 80 milhões de
toneladas, contribuindo com mais de 270 biliões para o PIB global
anual.
O representante do Banco Mundial em Moçambique fez saber também
que o comércio global não seria o mesmo sem os oceanos, pelo que,
perto de 80% de todos bens usados no mundo transitam através dos
oceanos e por via disso, o seu valor económico tende a aumentar,
esperando-se que até 2030 vai duplicar, alcançando 3 triliões de dólares
por ano.
Entretanto, Mark Lundell referiu que os países devem prestar arrancão
acima da dimensão económica dos oceanos a dimensão ambiental.
A saúde dos oceanos está a degradar-se com muita rapidez, estimando-se
que cerca de 30% dos stocks de peixe sejam hoje sobrepescados e cerca
de 83 biliões de dólares são perdidos devido a má governação das
pescarias no mundo.
Por outro lado, perto de 80% das fontes de poluição marinha tem origem
na terra, calculando-se que existam 150 milhões de toneladas de
plásticos nos oceanos. Até 2025, espera-se que serão produzidos mais de
250 milhões de toneladas de plásticos.
“As mudanças climáticas têm um impacto enorme nos oceanos,
causando a acidificação, variações de temperatura, aumento do nível de
oceanos, cujas consequências são catastróficas”, disse o painelista.
Por isso, chamou a colaboração dos governos, sector privado e outros
actores no sentido de proteger o valor económico que o oceano gera com
soluções novas e inovadoras e ambientalmente sustentáveis como forma
de alcançar um crescimento azul que se apresente climaticamente
inteligente e integrado.
Neste contexto, Mark Lundell afirmou que o Banco Mundial dispõe de
ferramentas, experiencia e financiamento para apoiar a transição em
direcção a uma maior resiliência climática e um crescimento azul
sustentável. Dai que apelou aos governos para proteger as regiões
costeiras, utilizando infraestruturas verdes. Paralelamente, os portos
precisam também de ser adaptados para ser resilientes e não provoquem
erosão e devem ser utilizadas fontes alternativas de energia que
aproveitem a energia e a temperatura do mar.